Ficção em 8 atos

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“Talvez eu seja
O sonho de mim mesma.
Criatura-ninguém 
Espelhismo de outra 
Tão em sigilo e extrema
Tão sem medida
Densa e clandestina
 
Que a bem da vida
A carne se fez sombra.

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Talvez eu seja tu mesmo
Tua soberba e afronta.
E o retrato
De muitas inalcançáveis 
Coisas mortas.

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Talvez não seja.
E ínfima, tangente
Aspire indefinida
Um infinito de sonhos
E de vidas.” 

Palavras | Hilda Hilst (Cantares de perda e predileção, XLVI)

(obrigada, R. R.)

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