“É Domingo. O dia acorda quente e os nossos corpos acusam o cansaço da semana. Sussurras-me ao ouvido: “Apeteces-me”! Permito-te.”
Texto: Ophélia Pessoa
Foto: Ana Gilbert
“É Domingo. O dia acorda quente e os nossos corpos acusam o cansaço da semana. Sussurras-me ao ouvido: “Apeteces-me”! Permito-te.”
Texto: Ophélia Pessoa
Foto: Ana Gilbert
[…]
na alma
nem todo vento
sopra na igualdade
na calma
nem todo tempo
se repete de verdade
ou isso só acontece
aqui dentro de mim?
Palavras | Lino Mukurruza (Almas em tácitas)
“Sou extremamente tátil.”
Palavras | Clarice Lispector (Um sopro de vida)
“Importa-se de parar de olhar para mim?”
Palavras | Paulo Kellerman
(reflexões sobre o olhar e a diferença, a partir do conto de mesmo nome, aqui)
Atravessei aquele caminho,
percorrido tantas vezes,
como se fosse
um dia qualquer.
Sem paixões,
sem desespero,
nada.
Vim só.
E tudo o que ficou
foi um silêncio.
“Lê a energia que está no meu silêncio.”
Palavras | Clarice Lispector (Água viva)
“Podes fechar a cortina do quarto.
É no escuro, que te verei melhor.”
Projeto: Paulo Kellerman
Texto: Clara Vales
Foto: Ana Gilbert
“Capta essa coisa que me escapa e no entanto vivo dela.”
Palavras | Clarice Lispector (Água viva)
“… no fundo, não passávamos de duas massas solitárias de metal em suas próprias órbitas separadas. À distância, parecem belas estrelas cadentes, mas, na realidade, não passam de prisões, em que cada uma de nós está trancada, sozinha, indo a lugar nenhum. Quando as órbitas desses dois satélites se cruzam, acidentalmente, podemos estar juntas. Talvez, até mesmo, abrir nossos corações uma à outra. Mas só por um breve momento. No instante seguinte, estaremos na solidão absoluta. Até nos queimarmos completamente e nos tornarmos nada.”
Texto | Haruki Murakami (Minha querida Sputnik)
a dança é como um transbordamento de mim…
“Promete, vais ser minha para sempre.“
Murmuravas-me ao ouvido enquanto te apoderavas de cada milímetro meu… Sentia-te a ser tudo o quanto podias, e eu era a felicidade a perecer de exaltação.
O meu silêncio nos teus gemidos, as tuas palavras largadas na intensidade “Promete, vais ser minha para sempre.”
Amava sentir a tua exortação, a tua avidez pelo meu corpo, acreditando que se estendia até à alma.
Mas as promessas são de uma fragilidade imensa, e não se promete o que é impossível deixar de existir. Esperava um sempre que não se alimentasse somente de mim, onde não vivesse sozinha o que ia além da carne.
A minha carne impossível de distinguir da tua, perfeitamente sincronizadas numa agitação que de tão espontânea nos dissolvia por inteiro no mais anestesiante dos prazeres.
Regressávamos, deixando lentamente de nos tocar, apaziguando os sentidos na separação do que mais almejava ser…
E restava assim… Despojada de tudo e de nós, numa matéria incompleta que se envolvia na ilusão de guardar o remanescente de ti.
Apenas carne, sempre carne…”
Projeto: Paulo Kellerman
Texto: Catarina Vale
Foto: Ana Gilbert