“Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?
Palavras | Hilda Hilst (De amor tenho vivido)
“Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?
Palavras | Hilda Hilst (De amor tenho vivido)
Ando muito por aqui…
O blog Fotografar palavras, criado há dois anos e meio pelo escritor português Paulo Kellerman, propõe como exercício criativo transformar palavras em imagens. Escritores selecionam trechos de textos seus e os fotógrafos encontram uma (ou mais de uma) imagem nas palavras. O que se vê por lá é uma declaração de amor às palavras e às imagens; à literatura, à fotografia e à arte em geral, numa colaboração instigante e harmoniosa entre talentos e estilos. Afeta, emociona, faz pensar… realiza-se como arte.
O programa Fotobox, da televisão portuguesa RTP3, dedicou a edição de número 113 ao projeto. Pode ser visto aqui.
“Talvez, afinal, o propósito da vida seja a conservação dos sonhos, sendo os homens meros instrumentos da sua sobrevivência, simples receptáculos. Ou talvez sejam os sonhos, em abstracto, aquilo a que se chama deus.”
Palavras | Paulo Kellerman (As sirenes, Os mundos separados que partilhamos)
“É nos abraços de luz que a coragem comanda os membros que se submetem a ir no anseio de ficar.”
Projeto: Paulo Kellerman
Texto: Catarina Vale
| Fotos: Ana Gilbert | Textos: Paulo Kellerman
| Dança: Inesa Markava
Projeto em andamento com o grupo de pesquisa sobre movimento Te encontro lá no Cacilda / Pulsar Cia. de Dança | Teatro Cacilda Becker, Rio de Janeiro, Brasil.
Saber-se no corpo, ser o corpo, ser no corpo… o próprio e o do outro. Corpos humanos como materialidades diversas e criativas que se atualizam no dançar… corpos dançantes que interagem e se afetam mutuamente.
…..
“Estende-me a mão. E diz: Não a agarres. Diz: Sente-a, apenas.
Aproximo a minha mão. As duas palmas tocam-se, e assim ficam: juntas.
Diz: Agarrar significa prender, não achas? Para sentir o outro basta tocar-lhe. Talvez tocar seja uma forma de agarrar com liberdade.
E sorri. Também sorrio. Enquanto as nossas mãos se tocam. Livres e sorridentes.”
…..
I
Tentava escrever
com a minha mão direita,
com a minha mão esquerda, alma corpo inteiro
[a casa, os movimentos da casa, a casa]
o osso aparente
a vértebra em silêncio,
a côdea dura do lume apagado. Tentava escrever o resíduo
a dobra da cal
descosida da sombra, a sépia
como se em silêncio o vestígio da casa
pudesse acontecer
enquanto
escrevia. E escrevia
escrevia a janela, a luz, a pedra, a brisa
o sopro da cinza vaga do livro
[era azul poema, o livro]
a mesa aberta às sobras do norte, a poalha
transparente
o sopro agitado
[nesse lume obediente]
que sabe como arder na manhã áspera
devagar. Escrevia
II
e enquanto tentava escrever
acontecia
a casa.
…………
de | esboço para | a casa
Palavras: Breve Leonardo
“Sou o corpo suspenso
que oscila entre
as preces no bordel
e as ereções no convento”
Projeto: Paulo Kellerman
Texto: Rosa Boto Caiado