Another intensity

“Here and there does not matter
We must be still and still moving
Into another intensity
For a further union, a deeper communion
Through the dark cold and the empty desolation,
The wave cry, the wind cry, the vast waters
Of the petrel and the porpoise. In my end is my beginning.”

Words | T.S.Eliot (Four Quartets, East Coker)

Ainda assim

“… nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
ainda assim,
escrevo.”

Palavras | Mia Couto [poemas escolhidos]

clareza

se eu tivesse que escolher uma cor para as tuas palavras seria o cinza.
não pelo negrume da tristeza. bonito esse teu negrume. seria pela calma. é isso. pela calma que me trazes às margens das manhãs ou das tardes.
conforme a inclinação do sol.

as tuas palavras só não têm a cor branca porque não as descobriria nesta folha.
mas são brancos, esses bordados de luz que te escorrem entre os dedos.

Palavras | Isabel Pires (a permanência da memória dos dias de sal)

Sorrisos pelo correio

Porque são as relações humanas que sustentam o mundo…

“Nós somos do tempo dos postais. Deste tempo.”

Sorriso postal é mais um projeto do Paulo Kellerman que sabe, como ninguém, juntar arte e pessoas e afetos e sorrisos. Vamos enviar postais a residentes de lares de idosos em Portugal.

Como? Descubram aqui:

Sorriso postal

(um dia, quem sabe, o projeto ganha asas e atravessa o oceano…)

A borra

“Prefiro as palavras obscuras que moram nos 
fundos de uma cozinha – tipo borra, latas, cisco 
Do que as palavras que moram nos sodalícios – 
tipo excelência, conspícuo, majestade. 
Também os meus alter egos são todos borra, 
ciscos, pobres-diabos 
Que poderiam morar nos fundos de uma cozinha – tipo Bola Sete, Mário Pega Sapo, Maria Pelego Preto etc. 
Todos bêbedos ou bocós. 
E todos condizentes com andrajos. 
Um dia alguém me sugeriu que adotasse um 
alter ego respeitável – tipo um príncipe, um 
almirante, um senador. 
Eu perguntei: 
Mas quem ficará com os meus abismos se os 
pobres-diabos não ficarem?”

Palavras | Manoel de Barros (Ensaios fotográficos)

Em mim

“Continuo cheia das coisas que não foram feitas para serem ditas à luz do dia.”

 Palavras | Clarice Lispector

Pedi…

“preparei uma festa no coração
as veias penduradas como
gambiarras corpo fora
 
pedi que viesses esperei que viesses
mas a alegria que inventei era só um
modo de ir embora”

Palavras | Valter Hugo Mãe (Publicação da mortalidade)

One art

“The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
 
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn’t hard to master.
 
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
 
I lost my mother’s watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn’t hard to master.
 
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn’t a disaster.
 
—Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan’t have lied. It’s evident
the art of losing’s not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.”

Words | Elizabeth Bishop