
“Deslizo lentes como dedos; percorro sinuosidades, afago fronteiras, decifro-te. E me entrego. Inteiro.”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto e foto: Ana Gilbert

“Deslizo lentes como dedos; percorro sinuosidades, afago fronteiras, decifro-te. E me entrego. Inteiro.”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto e foto: Ana Gilbert


“Chegará o instante em que a alma abandona o corpo, em que regressarei sozinha de ti mas mais comigo do que nunca.”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Catarina Vale
Foto | Ana Gilbert

“Hoje convidei-te para tomar um café, ou um chocolate quente, algo que nos aqueça o olhar ou nos aqueça por dentro e é um bom começo. Ha-de haver sempre um bom começo e sempre dá para te olhar mais de perto e quando te olho mais de perto apaixono-me mais. Quando te olho mais de perto por apenas aqueles segundos em que bebes o café, sou feliz para sempre, juro, se tu soubesses que te pago o café para me apaixonar todos os dias por ti, ficavas ali de chávena na mão a vida inteira. E eu apaixonava-me, sempre, vestia-me de ti, todas as vezes. Sim porque estar apaixonado é estar vestido de alguém. E nunca se está mal vestido quando se está apaixonado.”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Jorge Gomes Pereira
Foto | Ana Gilbert

“O que sentirá o meu corpo com o teu abraço, depois de ter sido tocado pelo teu olhar?”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Ana Gilbert
Foto | Teresa Bret Afonso

“Eco a eternizar-se nas paredes nuas, incomunicáveis.”



“Inventei-me de novo? Ou nasci de novo? Ainda não sei!”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Jorge Gomes Pereira

“Finges não perceber o que me acontece.”
Projeto| Paulo Kellerman
Foto | Chico Vilaça
Texto | Ana Gilbert

“Adormecia, sempre, na esperança de que ao acordar o mundo aguardasse para ser tocado pela primeira vez. O estado mais puro de tudo. A perceção da inocência da espera que não sabe o que esperar. Respostas isentas de ensaios libertadas pelo que se fez sentir. Talvez, o único momento em que a verdade não saberia ser mentira…Adormecia a procurar no sonho a certeza da vida. A fuga de uma existência confundida na dos outros. E os outros confundidos no que são, retalhados pelo que querem ser, denunciam-se nas palavras privadas dos gestos que as fazem valer. Será que é por sermos tantos num só que vivemos impossibilitados de conhecer o nosso rosto? Aguentaríamos ver quem pensamos ocultar?
Adormecia sem saber quem encontraria pela manhã. Sem saber qual a memória que lhe iria reger a mente ou quantas batidas lhe permitiria o coração. A imprevisibilidade que desperta o instinto e redescobre as emoções, transformando-nos em seres impossíveis de controlar. A surpresa de irmos onde nunca sequer deixámos encaminhar-se o pensamento. A compreensão do que sempre foi arrevesado. Vazio que aumenta assim que se consegue completar.
Adormecia… Sossego da alma na calma do corpo…”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Catarina Vale

“Carrego uma lâmina sob a pele. Fria, cortante, protetora. Afasta-te de mim; afasta-me de ti, de todos, de mim. Sangro. E (quase) não sinto.”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Ana Gilbert
Foto| Frankie Boy


“Quando voou, percebeu o quanto cansada estava de andar. Dos passos que já não se faziam sentir, ruidosos nas voltas que davam anunciando chegadas adunadas em partidas. Cansada, dos lugares perfeitos ao olhar que apenas retinham o corpo. Da terra pisada por muitos fingindo apenas beijar os seus pés.
Talvez o céu guardasse um pedacinho só dela, onde o silêncio a fizesse despertar. Talvez uma nuvem onde repousasse o coração. Quando o coração repousa, desprovimo-nos de emoções. Os olhos ganham a cor da clareza encaixando peças nos puzzles que se recusam completar. Pedaços de vida que encaixotamos em saudade.
Talvez no céu existisse quem voasse como ela. Quem fizesse brotar nas mãos páginas que cevam o voo. Livros que se abrem, por desvelo, no capítulo que mais faz impelir. Asas de papel de estórias infinitas, reescritas por quem é, e sabe dar, felicidade.
Talvez, uma vez no céu, pudesse mudar as estrelas. Criar constelações que partilhassem o brilho com quem se quer encontrar. Por sermos reflexos de luz só somos visíveis a quem nos consegue iluminar. Um fundir de cores libertadas em sorrisos de genuínos sentimentos.
São aqueles que existem para além do sangue que percorre a carne, que saboreiam o azul que envolve todos os outros. Talvez o céu pertença aos que voam pela sua essência de, somente, fazer voar…”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Catarina Vale

“A barca vai longe
O rio é turvo
Os peixes são muitos
O rio para
O rio escuta
Lodo e lama
O remo firma
O barco corre
De costas
Pequeno passarinho
Pousa em minha janela
E olha
E mira
Rechaço
Não traz folha de oliveira
Nem terra
Traz água, amigo
Traz mar
E voa”
Projeto | Paulo Kellerman
Palavras | Lorena Kim Richter
Ando muito por aqui…
O blog Fotografar palavras, criado há dois anos e meio pelo escritor português Paulo Kellerman, propõe como exercício criativo transformar palavras em imagens. Escritores selecionam trechos de textos seus e os fotógrafos encontram uma (ou mais de uma) imagem nas palavras. O que se vê por lá é uma declaração de amor às palavras e às imagens; à literatura, à fotografia e à arte em geral, numa colaboração instigante e harmoniosa entre talentos e estilos. Afeta, emociona, faz pensar… realiza-se como arte.
O programa Fotobox, da televisão portuguesa RTP3, dedicou a edição de número 113 ao projeto. Pode ser visto aqui.

“É nos abraços de luz que a coragem comanda os membros que se submetem a ir no anseio de ficar.”
Projeto: Paulo Kellerman
Texto: Catarina Vale

No caminho te ilumino.”
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Letícia A.
