
“Qual é, afinal, a diferença entre vento e poesia?”
O gato e o vento, de Paulo Kellerman, na Antologia Minimalista (2020)

“Qual é, afinal, a diferença entre vento e poesia?”
O gato e o vento, de Paulo Kellerman, na Antologia Minimalista (2020)

“A casa voltou a reinar, segura da sua força.
Bem no meio tem um coração. Uma iluminação que não se sabe de onde vem. E sou capaz de passar horas a banhar-me nesse conforto.
Por vezes, a casa murmura o teu nome.”
A casa na praia, de Mónia Camacho, na Antologia Minimalista (2020)

“O que é que se responde a uma filha que nos pergunta como estamos, de quem não se tem notícias há anos? Responde-se: estou bem?”
Oh Senhor Luís!, de Sandrine Cordeiro, na Antologia Minimalista (2020)

“Entra na sala; vê a cortina vermelha e sente-lhe a textura entre os dedos; inspira o cheiro quente e amargo das fitas nas bobines; respira a mistura do amadeirado doce das cadeiras; aceita o mofo sereno das alcatifas. E vê a lanterna. No cimo do balcão da entrada, enche-se de luz a piscar. Com ela, regressa à sala. Senta-se na primeira cadeira da última fila e olha o ecrã.”
Os meus dias são domingos, de Ana Miguel Socorro, na Antologia Minimalista (2020)

“Não sabia porquê, nem lhe parecia importante, mas as palavras e todos os medos, que se recusavam sair pela boca, dançavam livremente pelos dedos, como através de uma corda oca.”
De Aardonyx a Zupaysaurus, de Lia Wolf, na Antologia Minimalista (2020)

“Por um breve momento, sentem-se. Não é desejo, nem simpatia, nem compreensão.
É qualquer coisa diferente, como se aquele momento sempre tivesse existido e estivesse ali simplesmente à espera que as suas vidas confluíssem para ele, para depois seguirem de novo o seu caminho.”
Excerto de AS HORAS DO FIM, romance de Elsa Margarida Rodrigues
Uma publicação Minimalista

“Para quê termos portas em nós?”
O refúgio, conto de Cristina Vicente, na Antologia Minimalista

“Talvez a morte seja apenas quietude.”
Despedida, conto meu, na Antologia Minimalista

“A caminho do peito denso do mato, rasga as roupas – porque toda a natureza emerge de um ritual de sentidos e é urgente a presença completa do corpo.”
Eda e o riso, conto de Joana M. Lopes, na Antologia Minimalista

“Para que me serviram os sonhos que sonhei?”
Pipocas, conto de Liliana Silva, na Antologia Minimalista

“O que sente não tem nome.”
Kiss kiss, bang bang, conto de Elsa Margarida Rodrigues, na Antologia Minimalista

“O céu começava a clarear timidamente, iluminando os oito elementos que se reuniam para florir todas as ruas da aldeia. A tarefa teria de ser cumprida antes do nascer do sol, para garantir boa fortuna a todos os habitantes da terra.”
As flores de maio, conto de Ana Moderno na Antologia Minimalista
O meu conto, Despedida, na voz de Cláudia Evaristo…

“O tempo dizia tudo.”
Excerto de ÁGUA COM AÇÚCAR, romance de Ana Miguel Socorro.
Uma publicação Minimalista

DOEM-ME AS ASAS
Uma das qualidades que me encanta na escrita da Mónia Camacho é a sua capacidade de criar ‘espaços’ entre as palavras que se percebem de forma sutil, indiciária. Esses espaços se abrem ao leitor e permitem que ele se espalhe; que os explore e percorra, criando suas próprias paisagens, vislumbrando outros mundos possíveis. E no romance Doem-me as Asas não é diferente: esta qualidade está presente de forma marcante, em especial nas frases curtas que a Mónia tão bem cria e faz uso. Frases que dizem muito mais do que se pode ler nas palavras impressas.
Ao avançar na leitura do romance, vou aos poucos registrando diferentes camadas que guiam o meu olhar. Camadas que se entrelaçam, sobrepõem ou seguem paralelas. Uma primeira camada é a do enredo propriamente dito, e que me leva a mergulhar na história que carrega um tom de ficção científica, ou de fantástico. Mas, principalmente, uma história que fala do sentir humano e que vai além dos rótulos.
Em simultâneo, percebo uma segunda camada que traz uma angústia subliminar porque toca de forma incisiva no que me parece ser um ‘futuro atual’. Apesar do texto ter sido escrito muito antes da pandemia do novo coronavírus e se referir a um futuro impreciso, ele traduz percepções que me ocorrem diante do nosso cenário hoje: término de um mundo conhecido, esgotamento de um excesso de racionalidade que se conecta à perda de certos valores humanos, relação íntima entre capitalismo, desastre ambiental e produção de ideias e imagens demasiado contundentes, tais como refugiado, imunidade, cisão do mundo.
Diante dessas reflexões sobre a nossa existência, deparo-me com a terceira camada: a de uma viagem interna em que a personagem feminina, Glória, vai em busca de conexão, de (re)encontro consigo mesma, guiada por uma imagem produzida por uma instância autônoma, fora da sua consciência. E é essa busca por compreender a imagem que a torna uma presença fundamental na (re)construção de uma outra forma de mundo, ou de consciência.
Há, ainda, uma quarta camada, a camada das referências (afetivas, talvez) não apenas literárias, mas artísticas de modo geral. Como pequenas marcações que me guiam no percurso da leitura e que trazem questionamentos sobre a arte e a escrita, sobre o papel e a importância da imaginação e da criatividade como sustentáculos da vida psíquica.
Os textos da Mónia traduzem a sua curiosidade pelo humano. O romance avança pela trajetória da nossa condição de seres individuais e coletivos e da responsabilidade pela forma como nos relacionamos com a alteridade; desdobra os desejos de luz e sombra, de vida e morte que nos habitam. Lembra-nos de que somos feitos de matéria opaca e transcendência. De efemeridade e eternidade.
Uma publicação Minimalista
[intervenção em fotografia]

“As noites eram, ao mesmo tempo, terríveis e magníficas.
O céu brilhava em estrelas infinitas. E a beleza raramente é em vão.
A sensibilidade é um dos maiores indicadores de evolução; e captar a beleza é o primeiro passo para o desenvolvimento humano.”
Excerto de DOEM-ME AS ASAS, o novo romance de Mónia Camacho.
Uma publicação Minimalista
CONVERSAS MINIMALISTAS
3 de julho de 2021, às 15 horas (19 horas em Portugal)
Neste primeiro evento Minimalista, vamos conversar sobre o romance da Mónia Camacho, DOEM-ME AS ASAS.
Percepções, pensamentos, emoções, questionamentos… Vamos partilhar com a autora o que o livro nos provoca. O evento será pelo zoom.
Quer participar? É só se inscrever gratuitamente pelo e-mail: minimalista.editora@gmail.com
O livro já está disponível para venda no Brasil!


4 anos de sutilezas…
Estes são tempos difíceis… e a arte tem sido uma grande companheira. Muita coisa aconteceu neste ano: palavras, imagens, entrelaçamentos, parcerias… uma editora, a Minimalista.
O meu agradecimento aos que percorrem comigo este caminho; aos que me afetam e se deixam afetar pelo meu olhar…
“todas as guerras estão | infectadas pela | expectativa do amor”
(Valter Hugo Mãe, Publicação da mortalidade)


“Todas as travessias são conexão.”
DOEM-ME AS ASAS, romance de Mónia Camacho
Uma publicação Minimalista.

Uma imagem para um excerto de ÁGUA COM AÇÚCAR, romance de Ana Miguel Socorro
Quarta publicação da editora Minimalista


(encomendas pelo e-mail: minimalista.editora@gmail.com)




E mais um caminho… ÁGUA COM AÇÚCAR, de Ana Miguel Socorro
encomendas pelo e-mail: minimalista.editora@gmail.com