The Photographer

For Ana

Her palette
of images

both
color
and
monochrome
speak
with
imagination
reflect
vividly
often
playfully

Her
thoughts
dreams
fantasies
life
with
intrigue
and
mystery

Her
portfolio
echoes
visually
an orchestra
but
what
music
would
accompany
it?

Samba
bossa nova
choro
axe
accented
with
cool jazz
riffs
or
the
haunting
melodies
and
lyrics
of
fado?

The photographer
shares
her
work
and
explores

light
shadows
angles
curves
textures
distortions
in objects
interiors
exteriors
landscapes
seascapes
and
people
their bodies

especially
one body

Hers.

Her
self-portraits
entice
tease
challenge
even
seduce
as
she
masks
her
face
and
body
with shadows
while
adding
contrast
with
playful
compositions
of
light

An observer
views
her
images
and
fantasizes …

running
a finger
across
her lips
then
kissing
them

stroking
her
body
slowly
gently
exploring
savoring

the
feel
of
her
skin
first
with
hands
then
with

lips …

Imagining
her
reaction
her
voice

sighing
or
moaning

and
what
might
follow

Her
photography
reveals
just
one
dimension
of
her.

Frederick Fullerton 2023

[thank you so much for your beautiful words]

Contornos

Com ternos contornos.
Com tudo e quase tudo
Convergimos em não
Convencionar.
Desarranjar como quem
Desnuda.
Convidar.
Com vida e ar.
Com penetrar.
Como não?
Contornar em duplo
Movimento
Como dupla
De bailarinos sobre
O gelo.
O que arde,
Por dentro,
Por entre…
Confidente.
Com amante.
Concordante
Movimento.
Com terno
Contorno.
Contornos.

Jorge Vaz Dias

Versos do prisioneiro – A sentença (segunda leitura)

Você
tem que aprender
a respeitar a vida humana, disse o juiz.

Parecia justo.

Mas o juiz
não sabia que, para muitos,
a vida não é humana.

O prisioneiro retorquiu:
há muito me demiti de ser pessoa.

E proferiu, por fim:
um dia,
a nossa vida será, enfim,
viva e nossa.

Mia Couto [poemas escolhidos]

Nota

há sempre uma nota
que escapa
e arranha
o corpo da música

[there is always a note
that escapes
and claws
the body of the music]

I said…

I said to my soul, be still, and wait without hope
For hope would be hope for the wrong thing; wait without love
For love would be love of the wrong thing; there is yet faith
But the faith and the love and the hope are all in the waiting
.”

T.S. Eliot (Four quartets)

Fotografar palavras # 4398

Questionamento

A imortalidade da alma?
Só penso nisso quando estou distraída
E nunca ao amanhecer e antes de tomar café
Que ainda carrego as ideias doentes de noites mal dormidas
A minha noção de alma é mais homérica
Tipo fumaça ou sombra que se desprende do corpo
Ou então um sopro em vão à maneira de Anaxímenes
Também tenho almas místicas, órficas e pitagóricas
Depende dos dias
Nunca platónicas de forma imortal
Não vá a reminiscência de algum marginal
Criminoso ou esquizofrénico fazer ninho dentro de mim para sempre
Não sei nada sobre estas questões
Nem tenho paciência para as discutir em dias que tenho a mente do avesso
Só sentir a alma em quedas verticais dentro de mim.

Questioning

The immortality of the soul?
I only think about it when I’m distracted
And never at dawn and before drinking coffee
Because I’m still carrying the sick ideas of bad nights
My notion of the soul is more homeric
Like smoke or a shadow that detaches itself from the body
Or a breath in vain in the manner of Anaximenes
I also have mystical, Orphic and Pythagorean souls
It depends on the day
Never platonic in an immortal way
Don’t go reminiscing about some outcast
Criminal or schizophrenic nest inside me forever
I don’t know anything about these issues
Nor do I have the patience to discuss them on days when my mind is inside out
I can only feel my soul falling vertically inside me.

Texto | Text: Ana Paula Jardim
Fotografia | Photography: Ana Gilbert

Fotografar palavras, a nossa casa de criação. Projeto criado e coordenado por Paulo Kellerman. Publicações diárias, desde 2016.

Fotografar poemas

Vem lentamente o sono
Premeditando o sonho.
O sonho que filma
O desejo.
O desejo que alimenta
O futuro.
A vida que é o teu fruto
E o mundo ser
A terra onde a árvore
Cresce, sendo esse futuro.
Lentamente nos encontramos
Na natureza de assim sermos.
Basta tornares-te
Para a luz.
Eu estarei no beijo,
Essa brisa que faz
Tilintar os ramos
As folhas e as raízes.
Amaciar também a pele
Do fruto.
Enquanto teço
Este desejo me pergunto:

E não basta isto tudo
Para nos termos
Para sempre?

Jorge Vaz Dias [@livre_no_vento_das_palavras]

Teu corpo

Desvelar-te o caminho.
Chover em terra árida
E sermos mar
Por vir.
Semear o mundo
Com prazer.
Tomar-lhe o peito
Pulsar
E vir-nos.
Sermos a tempestade
E a quimera.
O leito
E o assunto.
O silêncio
E os beijos
À chuva.
Entranhar-nos
E humedecer
Nas dobras do calor
A que chamo
Teu corpo.

Jorge Vaz Dias

Back to the start

Back to the start

They don’t understand
They don’t understand
They don’t understand
They don’t understand

And all I need is you
Just all I need is you

They don’t understand
‘Cause they don’t talk for me
There ain’t no master plan
I came here to make peace
I’m only made to suffer
I’m only made to care
And all the time in the world
Gonna wish until it hurts
‘Cause they don’t understand

And all I need is you
But you don’t know it’s true
And all I need is you
But you don’t know it’s true
It’s impossible
Unbelievable
Do you see it now?
Do you see it now?
And our lives coming back to the start

Back to the start
Back to the start
Back to the start
Back to the start

(Anathema)

abismos

“mas quem ficará com os meus abismos se os pobres-diabos não ficarem?”
(Manoel de Barros)

6 anos de sutilezas…

Mais um ano… mais pessoas que se aproximam… e isso faz todo o trabalho valer a pena.

Um obrigada gigante a quem se mantém por perto e frequenta regularmente esta minha casa… mas também a quem se aventura e chega aqui por acaso ou acidente, mesmo que não se demore. Porque este espaço só se completa com a sua presença e o seu olhar. Espero que faça sentido…

Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre
.” (Manoel de Barros)

Fugaz

“Cada um está só no coração da terra
traspassado por um raio de sol:
e de repente é noite.”

Salvatore Quasimodo

Clariceana

Meu ensaio fotográfico CLARICEANA está na Revista Tangerine # 10, na companhia de outros trabalhos lindos.

Este ensaio foi inspirado no livro Água Viva, de Clarice Lispector. Nele, autorretratos dialogam com paisagens aquáticas, oníricas em sua fluidez e atemporalidade, onde o dentro e o fora se confundem e se complementam. Juntos, formam paisagens internas, imagens-palavras que convidam à experiência sensorial, ao mergulho em águas profundas, onde luz e sombra se fazem presentes e explicitam tensões.
O fascínio exercido por essa zona limítrofe, a superfície da água, demarca a fronteira entre a vigília e o sono, entre as instâncias da psique (consciência e inconsciente). As imagens nos levam a percorrer trilhas fragmentadas e poéticas, marcadas pela alternância entre movimento e quietude. Experienciamos a relação com o espaço que nos circunda. Um espaço que é ao mesmo tempo externo e interno, Cheio e vazio. Um espaço que se descortina estranho e ampliado quando vislumbrado na superfície refletora da água ou do espelho. Múltiplos espelhos, múltiplas imagens: de nós e do mundo que habitamos e que nos habita. Instantes- já da relação “eu-tu”, coagulados como fotografias. Cenas e o seu avesso. A realidade enviesada.
O ensaio oferece a experiência pura do fluxo de vida, do instante que é como o silêncio que está no silêncio das coisas e não pode ser ouvido, a não ser com o corpo inteiro; como uma realidade que se cria a partir da escuridão e do sonho. A partir da imaginação.
Água, ar, planta, corpo. A alternância entre a sensação de dissolução e a aventura arriscada de fixar a delicadeza do encontro eu-outro, eu-mundo. Clariceana é uma tentativa de capturar o incapturável: a respiração que rege a ordem do mundo, do meu mundo. O ritmo da pulsação. A liberdade de vida e morte. O seu mistério. Efemeridade e eternidade em mim.