
Anathema (Internal landscapes)

Anathema (Internal landscapes)


“Leva-me pela mão e o vento irá.”
[o belo poema de Jorge VAz Dias]


“Estava vendo um silêncio que tem a profundidade de um abraço.”
Clarice Lispector (A paixão segundo G.H.)

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo, tempo, tempo, tempo
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Entro num acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo, tempo, tempo, tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo, tempo, tempo, tempo
Quando o tempo for propício
Tempo, tempo, tempo, tempo
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo, tempo, tempo, tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo, tempo, tempo, tempo
O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Apenas contigo e ‘migo
Tempo, tempo, tempo, tempo
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Não serei, nem terás sido
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ainda assim, acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Portanto, peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo, tempo, tempo, tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Canção: A Outra Banda da Terra e Caetano Veloso

“Mas não procures entender-me, faze-me apenas companhia.”
Clarice Lispector (A paixão segundo G.H.)



“Por vezes, é necessário estar preso dentro de alguma coisa para nos sentirmos mais livres dentro dela.”
Sandrine Cordeiro, in Postas de pessoas
15º livro da Minimalista
Já podem encomendar no Brasil.
minimalista.editora@gmail.com

O Sol quando se põe, desce devagar e sem pressa, mas mais depressa do que quando nasce, a queda é sempre mais veloz.
The Sun, when it sets, descends slowly and without haste, yet swifter than when it rises; the fall is always faster.
Texto | Text: Sara Viscondessa
Fotografia | Photography: Ana Gilbert
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O nosso querido projeto FOTOGRAFAR PALAVRAS é uma criação do amigo Paulo Kellerman, que edifica diariamente (com muito trabalho e arte) esta moldura onde podemos existir com as nossas obras e as de outra(o)s artistas.
Desde 2016.
Visitem!


procuro-te em cada janela que respira.

Juramento
Hei-de aprender a fazer jardins
dentro dos meus olhos.
Cumprido
Colho as tuas flores de sol
dentro dos meus olhos.
Poemas de Joana M. Lopes, do livro Demolição (Ideia-Fixa, 2023)
Porque a dor, a morte, a ruína, o desespero, a falta também são feitos de beleza.

Melancholy
Voices and memories
linger among leaves
swaying in evening’s breeze
Yet fade as dusk descends
leaving silence in its wake
and a sense of loss
Nothing remains
as it once was
but what follows is fear.
A beautiful poem by Frederick Fullerton

“We kiss in slow motion.”
Anne Carson (Glass, Irony & God, 1995)

Quantos véus terei de despir para me descobrir inteira?

entrega. a dúvida que nos separa.
[parceria com Frankie Boy]



Teus olhos em
meu peito pousaram,
um dia.
Não fosse a distância
teu hálito novamente
recenderia,
aqui.
Luiz Ruffato

Não conheço a fronteira entre pele e liberdade.
Texto: Paulo Kellerman

se a natureza seca, a aridez é nossa
se a floresta queima, queimamos nós
se o voo cessa, despencamos nós
morremos
lentamente
de vergonha
de tédio
de cansaço
petrificados
em agonia
insones
inertes
despedaçados
pelo horror
convencidos
de que não somos nós