
“Time keeps flowing like a river to the sea.”
(The Alan Parsons Project)

“Time keeps flowing like a river to the sea.”
(The Alan Parsons Project)

“deve existir um alfabeto ou código para dizer
da camada indefinível que me leva a ti
do espanto
do conjunto em busca da harmonia que não quer chegar a ser
para se manter vontade
uma qualquer mistura dos silêncios em luz entrecortados a bocas
e o corpo em desejo desenhado a mar e céu
vamos para ali
dito assim meio lei meio convite
podia bem ser o era uma vez
das histórias com corações apressados
o murmúrio do grito de guerra em amor
que desperta e incita
vamos
dito assim sem som a fazer caminhos”
Fotografar palavras
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Isabel Pires
Foto| Ana Gilbert

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“avisto a extensão de negro em que depositas
o teu coração em forma de palavras
e perco as minhas pupilas para o mar:
troco as barcas por barcos
visto os pássaros de asas gigantes
agito as águas
empresto sopros ao vento…
às vezes o ondeado das dobras da seda
negro em filamentos entremeados de luz
não deixa ver a inclinação do eixo que diz das tuas estrelas”
Palavras | Isabel Pires (a permanência da memória dos dias de sal)


“Agora, no escuro, os objectos iluminam-se por dentro, tornando clara a nossa solidão.”
Palavras | Al Berto (O anjo mudo)


“Prefiro as palavras obscuras que moram nos
fundos de uma cozinha – tipo borra, latas, cisco
Do que as palavras que moram nos sodalícios –
tipo excelência, conspícuo, majestade.
Também os meus alter egos são todos borra,
ciscos, pobres-diabos
Que poderiam morar nos fundos de uma cozinha – tipo Bola Sete, Mário Pega Sapo, Maria Pelego Preto etc.
Todos bêbedos ou bocós.
E todos condizentes com andrajos.
Um dia alguém me sugeriu que adotasse um
alter ego respeitável – tipo um príncipe, um
almirante, um senador.
Eu perguntei:
Mas quem ficará com os meus abismos se os
pobres-diabos não ficarem?”
Palavras | Manoel de Barros (Ensaios fotográficos)

“E, de seguida, senti os seus dedos tocarem-me ao de leve, enchendo de tinta negra os contornos da minha cabeça.”
Palavras | Al Berto (O anjo mudo)

“A vida acontece depois do medo.” (anônimo)

Alma, essa manifestação intangível de que preciso para viver.


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“Não há nada mais temível do que o tempo que pára, ficamos iguais para sempre e essa é a maior desgraça.”
Palavras | Afonso Cruz (Para onde vão os guarda-chuvas)

“Nada do que somos nos pertence.”
Texto: Elsa Margarida Rodrigues



Sente o que os olhos apenas suspeitam.

