“Vou despir-te de tudo o que és, deixar-te nua de ser. Vou despir-te até seres apenas corpo.”
Palavras | Miguel Clemente
“Vou despir-te de tudo o que és, deixar-te nua de ser. Vou despir-te até seres apenas corpo.”
Palavras | Miguel Clemente
“… a morte da água é mais sonhadora que a morte da terra: o sofrimento da água é infinito.”
Palavras | Gaston Bachelard (As águas e os sonhos)
Finges não perceber o que me acontece.
“O que fazer se a morte é um eterno estado de consciência, restrito a observar em silêncio essa escuridão?”
Palavras | Haruki Murakami (Sono)
…
da palavra à imagem, da imagem à palavra
…
Perdida
no vazio das coisas
no azul dos ladrilhos
só
em meio ao ruído
abafado da música
desconexo das pessoas.
Palavras | Ana Gilbert
“… o vento, esse que me arranha a face procurando túnel aos meus ouvidos.”
Palavras| Neide Rodrigues
“Ainda de pé, continuas a despir-te; lentamente, tão lentamente. Sem me olhar: esquecida de mim.”
Palavras | Paulo Kellerman (Silêncios entre nós, O momento)
“Tens duas mãos para pousar onde preciso. Uma boca da qual espero o indizível. Narinas que me respiram. Apertas-me contra ti. Sinto-te. Dentro.”
“Como fazes quando precisas tocar as tuas próprias memórias? Tocar-lhes mesmo, com a ponta dos dedos?”
Palavras| Paulo Kellerman
…
da palavra à imagem, da imagem à palavra
…
quero tocar-me.
a minha pele
onde guardo as memórias,
(quais?)
nela, o que sei de mim
toco-me.
mas a pele é inalcançável,
etérea,
presença feita de luz
toco-me.
mas é superfície fria contra a pele quente
(sinto)
invento lembranças marcas feridas
e flores
toco-me.
no lugar onde não posso estar
(presença fugidia)
para, quem sabe,
existir em mim.
Palavras| Ana Gilbert
“É Domingo. O dia acorda quente e os nossos corpos acusam o cansaço da semana. Sussurras-me ao ouvido: “Apeteces-me”! Permito-te.”
Texto: Ophélia Pessoa
Foto: Ana Gilbert
[…]
na alma
nem todo vento
sopra na igualdade
na calma
nem todo tempo
se repete de verdade
ou isso só acontece
aqui dentro de mim?
Palavras | Lino Mukurruza (Almas em tácitas)
“Sou extremamente tátil.”
Palavras | Clarice Lispector (Um sopro de vida)
“Importa-se de parar de olhar para mim?”
Palavras | Paulo Kellerman
(reflexões sobre o olhar e a diferença, a partir do conto de mesmo nome, aqui)
Atravessei aquele caminho,
percorrido tantas vezes,
como se fosse
um dia qualquer.
Sem paixões,
sem desespero,
nada.
Vim só.
E tudo o que ficou
foi um silêncio.
“Lê a energia que está no meu silêncio.”
Palavras | Clarice Lispector (Água viva)
“Podes fechar a cortina do quarto.
É no escuro, que te verei melhor.”
Projeto: Paulo Kellerman
Texto: Clara Vales
Foto: Ana Gilbert
“Capta essa coisa que me escapa e no entanto vivo dela.”
Palavras | Clarice Lispector (Água viva)