Lançamento

Ontem, no m[i]mo – museu da imagem em movimento, aconteceu a apresentação do livro GEOGRAFIAS CORPORAIS, com o Paulo Kellerman. Não poderia ser mais significativo: apresentar este livro na sala onde decorre a exposição do Fotografar Palavras, projeto que deu início a esta parceria e amizade.
Obrigada a quem participou!

Fotografar palavras # 4087

A respiração é um mecanismo. O batimento regular do coração é um mecanismo. O orgasmo é um mecanismo. O arrepio da pele é um mecanismo. A digestão da comida é um mecanismo. Dormir é um mecanismo. Acordar é um mecanismo. Sonhar é um mecanismo. O corpo é feito de mecanismos; e ainda assim, por vezes a máquina consegue ser humana.

[Breathing is a mechanism. The regular beating of the heart is a mechanism. An orgasm is a mechanism. The shivering of the skin is a mechanism. The digestion of food is a mechanism. To sleep is a mechanism. Waking up is a mechanism. Dreaming is a mechanism. The body is made of mechanisms; and yet, sometimes the machine manages to be human.]

Texto | Text: Paulo Kellerman
Fotografia | Photograph: Ana Gilbert

Fotografar palavras , dose diária de arte.

Fotografar palavras # 4041

“Será que se deixarmos de falar da tristeza ela desaparece? Cessa de existir? Será que é a nossa voz que dá existência à tristeza, como a nossa respiração numa manhã de frio causa pequenas nuvens de vapor à nossa frente? A tristeza existe porque, simplesmente, respiramos?”

[If we stop talking about sadness, does it disappear? Does it cease to exist? Does our voice give sadness existence, like our breath on a cold morning causes little clouds of vapor in front of us? Does sadness exist because we simply breathe?]

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Ana Gilbert

FOTOGRAFAR PALAVRAS, o bonito projeto criado pelo Paulo Kellerman e recriado por todos nós. Diariamente, desde 2016. Uma produção bilíngue.

Nefelibata

nefelibata
pessoa que tem Google Drive, OneDrive e Dropbox. Por vezes, Cloud Drive.

[nefelibata
a person who has Google Drive, OneDrive and Dropbox. Sometimes, Cloud Drive.]

Associazione Culturale Focus

15/03/2023 | 17 horas (Brasil)

A convite da Associazione Culturale Focus, conversarei sobre fotografia e o livro Geografias Corporais, com Fabiana Mingoni e Paulo Kellerman.

(acesso livre – o link será disponibilizado próximo à hora do evento)

Esperança

“Todos os momentos são efémeros. (Regra geral.) Alguns momentos parecem durar uma vida inteira. (Beijo.)”

All moments are ephemeral. (General rule.)
Certain moments can last a lifetime. (Kiss.)

Paulo Kellerman (Dicionário improvisado)

Fotografar palavras #3834

Dizes que o teu corpo sonha,
Que os teus dedos sonham
A tua pele,
Os teus lábios.

Dizes que o teu coração sonha.

E os teus olhos.
Dizes que os teus olhos sonham tanto,
Mas tanto,
Mesmo quando estão fechados.
Especialmente quando estão fechados.

Como sangue,
Dizes tu.

Sorris e explicas
Que o teu corpo está repleto de multidões de sonhos
Entranhados nas tuas células.
Do lado de dentro das células.
Na alma de cada uma das células.

Sorris
E explicas que são esses sonhos que te dão vida.
Como se fossem sangue.

Um fluxo permanente e imparável
De sonhos.

Gostava de te fazer uma pergunta:

Se o teu corpo tem em si todos esses sonhos,
Porque não os sinto quando me beijas?

Apenas me dás saliva.
Não sinto sangue
Nem sonhos.


[You say your body dreams,
your fingers dream
Your skin,
Your lips.

You say your heart dreams.

And your eyes.
You say your eyes dream so much.
But so much,
Even when they are closed.
Especially when they are closed.

Like blood,
You say.

You smile and explain
That your body is full of multitudes of dreams
Ingrained in your cells.
Inside the cells.
In the soul of each of the cells.

You smile
And explain that those dreams are what give you life.
As if they were blood.

A permanent and unstoppable flow
Of dreams.
I would like to ask you a question:

If your body has all those dreams in it,
Why can’t I feel them when you kiss me?

You just give me saliva.
I do not feel blood
Nor dreams.]

Texto | Text: Paulo Kellerman
Fotografia | Photography: Ana Gilbert

Fotografar palavras

Cumplicidade bonita entre palavra e imagem, entre literatura e fotografia, entre escritores e fotógrafos. Dose diária de poesia, desde 2016.

Geografias Corporais

A cortina abre… o espetáculo vai começar…

Sou o primeiro a chegar à sala de
espectáculos. Enquanto espero vou
pensando em coisas sem importância.
Pergunto-me se as árvores terão frio à noite ou se os livros que estão nas livrarias ficarão muito nervosos por não saberem quem os levará para casa ou se no falar dos cães haverá um ladrar para dizer a palavra “borboleta” ou se será possível os pássaros darem abraços ou porque nunca se escuta o som das nuvens quando passam pelo céu.
A minha cabeça é o único sítio onde sou realmente livre, e lá posso pensar coisas palermas sem que ninguém me chateie ou ria. Posso pensar em pássaros ou livros, posso pensar na angústia que as canetas sentirão quando se lhes acaba a tinta; ou em cadeiras. Porque enquanto espero outra coisa que me pergunto é se haverá um motivo para me ter sentado na cadeira onde estou, quando todas as outras estavam livres e poderiam ser uma opção. O que terão pensado de mim as cadeiras que não escolhi?

É nisto que estou a pensar quando ela entra e olha a sala. Depois de uma breve hesitação, avança rapidamente entre as cadeiras e senta-se. Poderia escolher qualquer outro lugar mas senta-se mesmo ao meu lado, ignorando todas as outras cadeiras livres.
Fico quieto, à espera. É bom esperar, mesmo quando se sabe que não irá acontecer nada.
Na liberdade da minha cabeça penso: cheira tão bem, que perfume usará?
Mas tudo o que a minha voz é capaz de dizer é:

Boa noite.


GEOGRAFIAS CORPORAIS

Fotografia: Ana Gilbert | Texto: Paulo Kellerman

Alter Edições, 2022.

Design Gráfico: Licínio Florêncio | Coordenação Editorial: Eder Ribeiro

encomendas: geografiascorporais@gmail.com

[ENGLISH VERSION AVAILABLE]

O canto

Há sempre um momento em que sente no seu corpo: vão cantar; e nesse instante, os pássaros cantam. Serão eles que mantêm o mundo em movimento com o seu canto?

[There is always a moment when she feels in her body: they are going to sing; and in that instant, the birds sing. Are they the ones who keep the world moving with their singing?]

Paulo Kellerman

Lançamento

Lançamento do livro GEOGRAFIAS CORPORAIS, Casa das Palmeiras (3 Dez 2022)

com a Pulsar Companhia de Dança

Ana Gilbert & Paulo Kellerman

Alter Edições, 2022.

Projeto Gráfico: Licínio Florêncio | Coordenação Editorial : Eder Ribeiro

E chegaram a Portugal…

GEOGRAFIAS CORPORAIS

Uma colaboração Brasil-Portugal

Fotografia: Ana Gilbert
Texto: Paulo Kellerman

Alter Edições, 2022

Projeto Gráfico: Licínio Florêncio
Coordenação Editorial: Eder Ribeiro

encomendas / orders:
geografiascorporais@gmail.com

[ENGLISH VERSION AVAILABLE]

Fotografar palavras #3689

E se o tempo for como um corredor?
Estou aqui e olho lá para o fundo. Avanço. Tenho pressa, mas não quero chegar. Hesito. Ou quero chegar, mas não tenho pressa. Hesito. Preocupa-me que o tempo se esgote.
Quando chegar lá ao fundo, terminará a viagem. O tempo.
Porque tudo o que tenho é este corredor. Este tempo.
Mas.
E se quando chegar lá ao fundo, regressar aqui?
Poderia navegar no corredor, daqui para lá e de lá para aqui. Não estaria a ultrapassar os limites do espaço (tempo), mas apenas a gerir o tempo (espaço) que tenho.
E se.

What if time is like a hallway?
I’m here and I’m looking at the end of the hallway. I come forward. I’m in a hurry, but I don’t want to arrive. I hesitate. Or I want to arrive, but I’m in no hurry. I hesitate. I worry that time is running out.
When I reach the end, the journey will be over. Time will be over. Because all I have is this hallway. This time.
But.
What if when I get to the end, I come back here?
I could navigate down the hallway, from here to there and from there to here. I would not be going beyond the limits of space (time), but just managing the time (space) that I have.
What if.

Fotografar palavras

Texto: Paulo Kellerman