
“I like to seat by the window and just look outside. there’s always the possibility of something.”
Words by Paulo Kellerman
“I like to seat by the window and just look outside. there’s always the possibility of something.”
Words by Paulo Kellerman
Gosto de te beijar.
Gosto de escutar a tua respiração
E sentir o teu sopro quente nos meus lábios.
Gosto de centenas de coisas assim:
Banalidades
Sem as quais a vida não faz sentido.
Centenas.
Mas todas se resumem ao teu toque.
Podia detalhá-las uma a uma,
Podia listá-las demoradamente.
Mas basta dizer
Que gosto do teu toque.
E tu:
Também tens saudade do que não acontece?
Paulo Kellerman (E quando acabarem as perguntas?)
“why should our bodies end at the skin, or include at best other beings encapsulated by skin?”
(Donna Haraway)
O projeto Fotografar Palavras propõe como exercício criativo transformar palavras em imagens. Foi criado em 2016 pelo amigo Paulo Kellerman e conta hoje com 3381 publicações.
O que se vê no blog é uma declaração de amor às palavras e às imagens; à literatura, à fotografia e à arte em geral, numa colaboração instigante e harmoniosa que carrega a marca do Paulo: generosidade, amizade e capacidade de conciliar talentos e estilos. Afeta, emociona, faz pensar… realiza-se como arte.
A partir do dia 5 de junho, acontece no m[i]mo, em Leiria, a terceira das quatro exposições do projeto.
É um gosto e um orgulho fazer parte dela. E, principalmente, é uma felicidade ter podido estar presente no dia da inauguração, depois de dois anos de pandemia.
Aos companheiros de projeto, meu afeto e minha admiração. Ao Paulo, um obrigada gigante. Apareçam!
Até 20 de agosto de 2022
Fotografia:Ana França | Ana Gilbert | Ana Isa | Ana Leiria | Ana Marques | Ana Moderno | Ana Paula Fadoni | António Carreira | Carla de Sousa | Catarina Casaca | Célia Góis | Cristina Vicente | Diana R. Castro | Elsa Arrais | Flávia Barros | Francisco Válga | Frankie Boy | Goretti Pereira | João Antunes | João Oliveira | José Luís Jorge | Maria Augusta | Maria João Dias | Maria Jorge Soares | Mariana Costa | Mário Teixeira | Raquel Ferreira Coimbra | Renata Barbosa | Selma Preciosa | Sílvia Bernardino | Sónia Silva | Tânia Silva | Teresa Bret Afonso | Teresa David | Teresa Maria dos Santos | Teresa Marques dos Santos | Vanda Cristina | Vilma Serrano
Palavras: Ana Miguel Socorro | Andreia Azevedo Moreira | Carina Martinho Coelho | Catarina Vale | Clara Ribeiro | Elisabete Neves | Elsa Margarida Rodrigues | Helder Magalhães | Isabel Pires | Joana Gonçalves | Joana M. Lopes | Liliana Silva | Maria João Faísca | Maria João Rocha | Mónia Camacho | Nuno Pinto Bastos | Paulo Kellerman | Renata Barbosa | Sandra Francisco | Sara Viscondessa | Teresa Bret Afonso
Portable Link | Ello
“Thoughts do not follow predictable directions; and the best ones are those that surprise us; the ones that force us to move in a new direction.”
Text by Paulo Kellerman | portable link
[portable link is a collaborative account with Paulo Kellerman on Ello]
das diferentes formas e substâncias
Recebi este abraço do Pedro Leal e do Tiago Martins. E respondi com este abraço escrito:
Abraço-te. As nossas pulsações conversam. Alinham-se. Aquietam-se. Sorrimos. Os olhos também sorriem. Porque mais do que tu e eu, este abraço nos faz ‘nós’. Porque existimos inteiros neste espaço que é o abraço. Porque o abraço é como uma casa onde se pode descansar.
#EscrevesmeUmAbraço, uma iniciativa linda do CRIF – Centro de Reabilitação e Integração de Fátima, Portugal
#28abraços28autores
Do encontro e da cumplicidade entre palavras e imagens.
Um enorme obrigada ao Breve Leonardo por esta sintonia espontânea, delicada e bela.
sabe a poema inocente
o murmúrio de luz que
se inclina nas manhãs raras
estas – onde corpo ainda está aberto ao mundo – esta
onde o corpo acorda sereno,
não resiste.
por assim dizer,
a espessa álgebra do dia ainda não se fez sentir na rotina inquieta
da voz – como osso dormente e demais,
no corpo.
por assim dizer,
nesta manhã rara
as diminutas sílabas – soltas da palavra – ainda não ocupam espaço
como a pedra brisa
ou cinza vaga que
suspensos
sabem a poema. sabem
a luz ou poema – tão intacto
inocente.
TESSITURA | nova parceria com POROS
Música | Paulo Vicente Poros
Vídeo | Ana Gilbert
(sugiro ouvir com headphones para melhor apreender as sutilezas e a beleza da música)
Parcerias e afetos. Cumplicidades e sonhos.
2022
O evento CONVERSAS LITERÁRIAS: CLARICE LISPECTOR | Água Viva – desdobramentos aconteceu hoje, 01 de outubro de 2021, com a participação de Sigrid Haikel, Maria Lúcia Lorêdo Jorge, Aurea C. Torres e eu.
Conversas Literárias é o núcleo de literatura do Instituto Junguiano do Rio de Janeiro (IJRJ /AJB), e o evento aconteceu no âmbito das CONVERSAS JUNGUIANAS.
A renda do evento será revertida para a Casa das Palmeiras – Nise da Silveira.
O vídeo e o texto abaixo são a minha contribuição para o evento.
Comecei a participar do grupo Conversas Literárias há pouco tempo. Quando entrei, o livro Água Viva, de Clarice Lispector, avançava para o seu final. Porém, ele já reverberava dentro mim: vinha fotografando suas frases, usando, por vezes, a vertente do autorretrato como forma de expressão. Assim, quando surgiu a ideia de apresentarmos os nossos desdobramentos do livro, compreendi que só poderia trazer a vivência da leitura através destas imagens-palavras.
Falar de Água Viva é falar do entrelaçamento entre palavra e imagem, relação essa que me é tão cara como terapeuta e artista. Em um texto que escapa à definição de romance, no sentido de uma história mais estruturada, com personagens e ações mais claramente delimitadas, Clarice dá vazão a um fluxo de consciência de extrema beleza e profundidade. Convida-nos ao mergulho e avisa-nos dos perigos. O perigo das palavras e suas sombras. Da tensão que existe entre as palavras e as imagens que delas emanam. O fascínio exercido por essa zona limítrofe, a superfície da água, que demarca a fronteira entre a vigília e o sono, entre as instâncias da psique (consciência e inconsciente).
E nós aceitamos o convite. Sabedoras do que nos espera. Nunca preparadas. Acompanhamos a personagem/narradora, um eu feminino, que escreve a um tu masculino, um tu que é também cada uma de nós, leitoras. Percorremos trilhas de qualidade aquática, fragmentadas e poéticas, marcadas pelo tempo lento da alternância entre movimento e quietude. Experimentamos, em nós, o assombro do instante-já de que fala a narradora, a vivência de algo que escapa à racionalidade e se manifesta como fluxo. Experienciamos a relação com o espaço que nos circunda. Um espaço que é, ao mesmo tempo, externo e interno. Cheio e vazio. Um espaço que se descortina estranho e ampliado quando vislumbrado na superfície refletora da água ou do espelho. Múltiplos espelhos, múltiplas imagens: de nós e do mundo que habitamos e que nos habita. Instantes-já da relação eu-tu, coagulados como fotografias. Cenas e, com elas, a profundidade das palavras que nos leva ao seu outro lado: à sua sombra, ao seu avesso. À realidade enviesada. Da água morna e convidativa à queimadura dolorosa da água-viva.
Contudo, ela, a personagem (e a própria Clarice, talvez), precisa respirar; a intensidade pode ser demasiadamente cansativa e é preciso repousar. Deste modo, a experiência pura desse fluxo de vida oferece-nos, a cada tanto, uma pausa, um olhar para o que há de mais banal no cotidiano, uma respiração mais longa, um relaxar de músculos que nos prepara para o mergulho seguinte. Para o milagre seguinte. Para o que há “detrás do pensamento”.
A personagem/narradora é pintora e quer escrever como pinta: com o corpo todo. Quer escrever com as palavras que estão justamente aí, atrás do pensamento, como quem fotografa o instante, instante esse que é como o silêncio que está no silêncio das coisas e não pode ser ouvido, a não ser com o corpo inteiro; como uma realidade que se cria a partir da escuridão e do sonho. A partir da imaginação.
É assim que li Água Viva, com o corpo todo. E da imaginação surgiram pinturas. Pinturas feitas com luz. Fotografias. Água, ar, planta, corpo. A alternância entre a sensação de dissolução que o texto, por vezes, suscita e a aventura arriscada de fixar a delicadeza do encontro eu-outro, eu-mundo.
O que vai ser apresentado a seguir é um vídeo feito com estas imagens-palavras; uma tentativa de capturar o incapturável: a respiração que rege a ordem do mundo, do meu mundo. O ritmo da pulsação. A liberdade de vida e morte. O seu mistério. Efemeridade e eternidade em mim.
“Fotografo cada instante. Aprofundo as palavras como se pintasse, mais do que um objeto, a sua sombra.”
Clarice Lispector (Água Viva)
Conversas Junguianas e Conversas Literárias
Instituto Junguiano do Rio de Janeiro
01 de Outubro de 2021 | 14h às 16h
[diálogos]
“Repara na lentidão do adeus”
“Repara na suspensão do adeus”
Palavras | Filipa Leal (Vem à quinta-feira)
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“Quem não pensa, não sente.
Quem sente, não pensa.”
Palavras | Paulo Kellerman (Serviços mínimos de felicidade)
Artists reflecting on coronavirus crisis.