Primeiro azul do ano | 2025

O primeiro azul do ano… que se descortina deste meu espaço de criação.
Em 2025, comemoro 20 anos da defesa do meu mestrado, o primeiro degrau na trajetória acadêmica. Ele foi a porta de entrada para as leituras teóricas sobre fotografia e para o meu exercício fotográfico. São também 20 anos de autorretratos.
Neste ano de 2025, há muito o que comemorar… novas parcerias, novos projetos acadêmicos e trabalhos artísticos. E há este espaço, ao mesmo tempo vazio e pulsante, externo e interno, que me desafia a criar e a ir além do que sei de mim.

*****

The first blue of the year… which unfolds from this creative space of mine.
In 2025, I celebrate 20 years since defending my master’s dissertation, the first step in my academic journey. It was the gateway to theoretical readings on photography and to my photographic practice. These are also 20 years of self-portraits.
This year, there is much to celebrate—new partnerships, new academic projects, and artistic works. And there is this empty yet vibrant space, both external and internal, challenging me to create and to go beyond what I know about myself.

Confidência

Diz o meu nome
pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça

Porque eu cresço para ti
sou eu dentro de ti
que bebe a última gota
e te conduzo a um lugar
sem tempo nem contorno

Porque apenas para os teus olhos
sou gesto e cor
e dentro de ti
me recolho ferido
exausto dos combates
em que a mim próprio me venci

Porque a minha mão infatigável
procura o interior e o avesso
da aparência
porque o tempo em que vivo
morre de ser ontem
e é urgente de navegar
outro rumo outro pulsar
para dar esperança aos portos
que aguardam pensativos

No húmido centro da noite
diz o meu nome
como se eu te fosse estranho
como se fosse intruso
para que eu mesmo me desconheça
e me sobressalte
quando suavemente
pronunciares o meu nome

Mia Couto [poemas escolhidos], 2006

Conseguirei?

If I stopped looking at myself in the mirror, would I be able to forget my face? Would I be able to forget how I am, what I am, who I am? Would I be able to forget myself?

Será que se deixar de me olhar ao espelho conseguirei esquecer o meu rosto? Conseguirei esquecer como sou, o que sou, quem sou? Conseguirei esquecer-me?

Texto| text: Paulo Kellerman

Portable link

Fotografar palavras # 4999

Na publicação # 4999 do Fotografar palavras, a parceria é com o querido Jorge VAz Dias.

Há sempre alguma solidão
Em quartos de hotel
Tal como um prenúncio
De escandaleira.
Há quem se suicide
Neles
E há que morra por segundos
Por prazer.

There is always a certain loneliness
In hotel rooms
Like a prelude
To scandal.
Some people commit suicide
There
And some die for seconds
For pleasure.

Texto | Text: Jorge VAz Dias

Fotografar palavras, projeto bonito do Paulo Kellerman. Nossa casa poética; lugar de encontros e afetos. Desde 2016.

Eros

Quando o vento aparece
Mostrando sua face invisível,
O mar sempre escurece
Cobrindo seu limite impossível…

Mas quando o mar entoa
Sua canção de mil sereias,
O vento, então, ecoa,
Fazendo luzir mil candeias…

O vento sopra o mar
E o mar encanta o vento…
Em si, tão diferentes,
Apenas tons de um mesmo momento…

Palavras: Marta Chagas (03/08/2010)

Imagem

“As imagens existem antes de entrar nos olhos de um sujeito que observa um espelho.”

Emanuele Coccia (A vida sensível)

a certain way

There is a certain way of breathing in which the body enters into perfect harmony with the universe; a way in which they breathe together. It’s something you practice. Or that you imagine.

Text by Paulo Kellerman

Portable Link, a dialogue between photography and literature