
Fronteiras do eu




“… no fundo, não passávamos de duas massas solitárias de metal em suas próprias órbitas separadas. À distância, parecem belas estrelas cadentes, mas, na realidade, não passam de prisões, em que cada uma de nós está trancada, sozinha, indo a lugar nenhum. Quando as órbitas desses dois satélites se cruzam, acidentalmente, podemos estar juntas. Talvez, até mesmo, abrir nossos corações uma à outra. Mas só por um breve momento. No instante seguinte, estaremos na solidão absoluta. Até nos queimarmos completamente e nos tornarmos nada.”
Texto | Haruki Murakami (Minha querida Sputnik)

“Nunca tinha pensado que a solidão pudesse ser não uma ausência de tudo mas a saturação de presenças fantasmagóricas, de pensamentos solidificados, de imagens resplandecentes de cor e brilho e magnetismo.”

“Andávamos como pessoas com luzes acesas dentro. As palavras como lâmpadas na boca. Iluminando tudo no interior da cabeça.”
(Valter Hugo Mãe, A desumanização, p. 125)
Primeiro azul do ano…

“Borboletas
… quando as imagens dos sonhos se desvanecem…
Música: Time (Pink Floyd, Dark side of the moon)


“O medo tem a minha altura. Tu me dirás se é grande.”
…
Projeto: Paulo Kellerman
Texto: Mónia Camacho
Foto: Ana Gilbert