Canto visivo

“…questo canto visivo
è di chi crede
…”

[this visual song
belongs to those who believe
]

Barrio Gotico (Corde Oblique)

Olhar, ver, sentir

XX

Quando olho,
Vejo o que sinto.

E tu?

Sentes o que vês
Ou apenas olhas?

Como um espelho que se limita a reflectir a luz que recebe.

Paulo Kellerman (E quando acabarem as perguntas? Edição Sem Editora, 2022)

Steps

“where are my steps that fill the light?” | The man of wood (Corde Oblique)

Árvore

XIV
Uma árvore
Não saberia o que fazer
Com um espelho.

Paulo Kellerman (E quando acabarem as perguntas? Edição Sem Editora, 2022)

A glimpse

a nude glimpse of my lone soul

Words by Anne Carson (Glass, Irony & God)

Leituras

Duas leituras fotográficas do Frankie Boy para excertos do meu livro de contos A Respiração do Tempo.

Onde se esconde o choro?
A luz rasga a sala em mim.

A RESPIRAÇÃO DO TEMPO, uma publicação Minimalista

Opinião

A respiração do tempo, de Ana Gilbert, Editora Minimalista, 2022, já se encontra à venda. É a mais recente publicação da nossa editora informal. Degustei-o de 6 a 18 de Junho. É, antes de se entrar no que nos conta, um objecto muito belo em que se nota a devoção da Ana ao criá-lo. Das ilustrações da Maraia que nos comunicam visualmente ao seu modo ímpar a essência do que as sucede, às epígrafes que também antecedem cada capítulo, chegando enfim à linguagem cuidada da Ana Gilbert. Confluem no volume que antes de ser lido é já um deleite. Depois entramos nas narrativas: breves, fortes, certeiras, apontando aos desacertos e aos enjeitados da vida. Aqueles que, por mais que se esforcem, dia nenhum serão vencedores. É preciso preparar o fôlego para as várias vezes em que nos quedamos em apneia pela violência lida. Pelo meio: erotismo. Sedução. Vontade. Dardos disparados à atenção dos leitores, incomodando esta ou aquela dor já nossa. Há neste livro muitos tempos, muitas respirações, realidades, histórias que anunciam outras. Caberá a quem leia levar a imaginação além. À Ana, continuar a escrever para que a possamos ler mais.

Andreia Azevedo Moreira (texto e imagens)