Fotografar palavras #3768

É sabido que nas horas incertas os fios da imaginação tecem mantos que embrulham o coração no medo e que o medo, por espiralados enigmas que regem o universo infinito dos pensamentos, ganha voz e fala como gente.”

[It is known that in uncertain hours the threads of imagination weave cloaks that wrap the heart in fear and that fear, through spiraling enigmas that govern the infinite universe of thoughts, gains voice and speaks like people.]

Texto | Text: Joana M. Lopes
Fotografia | Photography: Ana Gilbert

Fotografar palavras, o projeto bonito do Paulo Kellerman. A nossa casa criativa.

Fotografar palavras #3569

“Quando chegaste…
Principiou a alegria das manhãs. Dos sons banais, a composição da mais harmoniosa melodia, que ainda hoje, não me canso de escutar. Na paisagem repetida, a descoberta da beleza, no ínfimo que o olhar conseguia distinguir. Sem ensaios, as palavras num poema. O silêncio a deixar-nos respirar, proferindo o que não precisávamos de dizer. O tempo a esquecer a pressa. A permissão da serenidade existir, na cumplicidade das mãos, que seguravam sem prender…”

[When you arrived…
The morning joy began. From banal sounds, the composition of the most harmonious melody, which even today, I do not get tired of listening. In the repeated landscape, the discovery of beauty, in the smallest which the eye could distinguish. No rehearsals, the words in a poem. The silence letting us breathe, saying what we did not need to say. Time forgetting rush. The permission of serenity to exist, in the complicity of hands, which held without imprisoning…]

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photo: Ana Gilbert

FOTOGRAFAR PALAVRAS

Coordenador do projeto | Project coordinator: Paulo Kellerman

VII

VII
Consegues explicar o amor?

Pergunta ela,
Com um sorriso esperançoso.

Fecho os olhos e abano a cabeça,
Porque há respostas que não podem ser verbalizadas.

Apenas os loucos conseguem explicar o amor,
Porque apenas os loucos compreendem a vida.

Apenas os loucos encontram sentido
No que não tem lógica.

Diz ela,
Com um sorriso decepcionado.

Ou talvez nem chegue a ser um sorriso.

————————

Can you explain love?

She asks,
With a hopeful smile.

I close my eyes and shake my head,
Because there are answers that cannot be verbalized.

Only mad people can explain love,
Because only mad people understand life.

Only mad people find meaning
In what has no logic.

She says,
With a disappointed smile.

Or maybe it is not even a smile.

Paulo Kellerman (E quando acabarem as perguntas?)

Fotografar palavras #3516

“Aguardo no tempo que se recusa medir. Sem voz, sem gestos, a certeza que nos bastamos apenas por existirmos. E no meu rosto, a luz da ternura do teu olhar…”

[I wait in the time that refuses to be measured. No voice, no gestures, the certainty that we are enough just because we exist. And on my face, the light from the tenderness of your gaze…]

Projeto Fotografar palavras, criado e coordenado por Paulo Kellerman (agora, bilíngue)

Foto minha para o texto da Catarina Vale.