Originalmente em português e agora bilíngue, reúne fotógrafos e escritores de mais de 20 países em torno de uma paixão comum: a cumplicidade entre palavras e imagens. Espaço de criatividade e afetos, o blog renova-se a cada dia pelo esforço de todos nós, colaboradores e leitores, que precisamos de arte para viver.
“Quando chegaste… Principiou a alegria das manhãs. Dos sons banais, a composição da mais harmoniosa melodia, que ainda hoje, não me canso de escutar. Na paisagem repetida, a descoberta da beleza, no ínfimo que o olhar conseguia distinguir. Sem ensaios, as palavras num poema. O silêncio a deixar-nos respirar, proferindo o que não precisávamos de dizer. O tempo a esquecer a pressa. A permissão da serenidade existir, na cumplicidade das mãos, que seguravam sem prender…”
[When you arrived… The morning joy began. From banal sounds, the composition of the most harmonious melody, which even today, I do not get tired of listening. In the repeated landscape, the discovery of beauty, in the smallest which the eye could distinguish. No rehearsals, the words in a poem. The silence letting us breathe, saying what we did not need to say. Time forgetting rush. The permission of serenity to exist, in the complicity of hands, which held without imprisoning…]
Texto | Text: Catarina Vale Fotografia | Photo: Ana Gilbert
emConcretudes Primárias é um filme de dança inédito da Pulsar Cia de Dança em parceria com a Piloto Filmes. A sua criação teve como inspiração a luz, o estudo das cores primárias e as suas interferências/reverberações no movimento, na estrutura de cada um e no brincar com as partes do corpo que se articulam e se conectam. Em um jogo de luz, cores, texturas, superfícies, corpos e movimento se deu a construção da dramaturgia do trabalho. Como, também, na relação com a arquitetura de concreto da Cidade das Artes, espaço cênico da filmagem, onde se revelam espaços, formas e luminosidades, os quais ampliam a percepção e o afetar-se com esse entorno.
FICHA TÉCNICA Direção: Maria Teresa Taquechel y Saiz e Patrick Zeiger Composição Coreográfica: Maria Teresa Taquechel y Saiz Intérpretes criadores: Andréa Chiesorin, Gabriela Jung, Luciano Martins, Maria Teresa Taquechel, Matheus Trindade, Paula Mori, Rachel Canella, Raphael Arah, Victor Pesant e Yuri Fróes de Lima Assistência de Direção: Raphael Arah Direção de Fotografia e Câmera: Tomás Camargo Roteiro: Maria Teresa Taquechel y Saiz, Patrick Zeiger e Victor Pesant Montagem e Câmera: Patrick Zeiger Producão: Paula Mori Som Direto, Desenho Sonoro e Mixagem: João Marcelo Heinz Trilha Sonora: João Marcelo Heinz e Orlando Massiere Artista e Intérprete criadora convidada: Gabriela Gonçalves Consultoria de Figurino: Dréa Nunes Figurino: Pulsar Cia. de Dança Visagismo: Bruno Alsiv Videografismo: João Vilhena Fotografia Still e Making of: Ana Gilbert Arte Gráfica e Divulgação: Gabriela Jung Assistência de Câmera: Coelho Light Pesquisa em Conteúdos Acessíveis Direção de Acessibilidade: Andréa Chiesorin Roteiro de Áudiodescrição: Andréa Chiesorin e Raphael Arah Supervisão de Roteiro: Adriana Urpia – A))Darte Acessibilidade Cultural Consultora de Audiodescrição em Dança: Moira Braga Intérprete de Libras: Karol Lopes Poema Sinalizado e Narração: Gabriela Gonçalves Legendagem: Sérgio Nunes – AD))arte Acessibilidade Cultural Narração de Audiodescrição: Adriana Urpia, Gabriela Jung e Raphael Arah Colaboração de Roteiro de Audiodescrição: Ana Gilbert, Gabriela Jung, Gabriela Gonçalves, Maria Teresa Taquechel e Paula Mori Gravação e Edição de Audiodescrição: Sérgio Nunes – AD))arte Acessibilidade Cultural e Maurício Gaetani – Maestro Áudio Núcleo de Pesquisa de Conteúdos Acessíveis em Dramaturgia do Movimento – Escola e Faculdade Angel Vianna e Pulsar Cia de Dança: Andréa Chiesorin, Maria Teresa Taquechel, Moira Braga e Raphael Arah Produção Administrativa e Financeira: Lucimar Gonçalves Assistência de Produção: Carol Lemos e Christian Woldmar Cunha Administração do Projeto: Piloto Filmes Coordenação Geral: Maria Teresa Taquechel y Saiz
I don’t know your name, I never had the courage to ask. But we are neighbours. Of life. We live under the same skin, even though many meters of frayed fabric separate us. I don’t know where you are; I pass through our usual haunts and all I can see is your absence. Which pavement are you sitting on now? What have you been jotting down in your torn notebooks? I would love to read your notebooks, your words. Or could they be drawings? They might be scribbles, barely suggested forms, expressing nothing to me but vital to you. (I dreamed of them.) Your latent story, waiting to be told; and I would suffer from my inability to decipher you.
I miss how you wave wearing all those rings, the overlaid clothes that wrap you up on days of intense heat and that are like many layers protecting something very delicate you carry on the surface of your skin. I miss the bags that transport your world and contain your dreams; your mobile home. And I miss your smile, conquered with the daily exchange of shy looks. I never had the courage to stop and photograph you, to ask for your permission to choose the best angle, the one which shows your beauty blossoming forth. Permission to freeze your pulsation in time; to touch you with my body turned lens.
I review the sinuous choreography of those who cross your path, the averted gazes and steps demarcating territories of existence, and I ask myself which path could lead me to you. I don’t know where you are and yet I believe I can find you in some corner of myself. I’m afraid to sit next to you and see the world unveiling itself at your eye level. I’m afraid of what you carry in your body (or soul?) would, I sense, flow over me at the first touch. I’m afraid of inoculating myself with your humanity and being mortally wounded in my arrogance. I try, in vain, to protect myself with the safe distance of anesthesia.
I think our conversation would be made up of discomfort and restrained gestures; traversed by the unpleasant smell of abandonment, which trails behind you and which I can’t bear to inhale. (Would you be able to smell my antiseptic scent of sanity?) And our farewell, a mixture of relief and pain. I don’t know where you are; I don’t know your name. Would I ask, if I saw you today?
O projeto FOTOGRAFAR PALAVRAS completou seis anos de vida, graças ao esforço bonito e generoso do Paulo Kellerman para juntar pessoas, talentos e afetos.
Como funciona o projeto? Os escritores enviam excertos dos seus textos e os fotógrafos desdobram as palavras para encontrar uma (ou mais de uma) imagem. Coagulam a imagem em fotografia. A cumplicidade palavra/imagem é publicada aqui:
Todos nós, fotógrafos e escritores, formamos uma rede com o compromisso de manter acesa a chama do projeto, para levar uma dose diária de arte a quem estiver disponível para ser tocado pelas imagens e pelas palavras.
São 3469 publicações até hoje. E a partir da publicação #3462, o blog se tornou bilíngue (português/inglês).
“Agora, sente o toque da liberdade: no espírito, no pensamento, no corpo. Nunca lhe ocorrera antes que a liberdade pudesse ser apenas isso: leveza. Mas agora sabe.”
foto minha, texto do Paulo Kellerman
O projeto Fotografar Palavras propõe como exercício criativo transformar palavras em imagens. Foi criado em 2016 pelo amigo Paulo Kellerman e conta hoje com 3381 publicações.
O que se vê no blog é uma declaração de amor às palavras e às imagens; à literatura, à fotografia e à arte em geral, numa colaboração instigante e harmoniosa que carrega a marca do Paulo: generosidade, amizade e capacidade de conciliar talentos e estilos. Afeta, emociona, faz pensar… realiza-se como arte.
A partir do dia 5 de junho, acontece no m[i]mo, em Leiria, a terceira das quatro exposições do projeto.
É um gosto e um orgulho fazer parte dela. E, principalmente, é uma felicidade ter podido estar presente no dia da inauguração, depois de dois anos de pandemia.
Aos companheiros de projeto, meu afeto e minha admiração. Ao Paulo, um obrigada gigante. Apareçam!
Até 20 de agosto de 2022
Fotografia:Ana França | Ana Gilbert | Ana Isa | Ana Leiria | Ana Marques | Ana Moderno | Ana Paula Fadoni | António Carreira | Carla de Sousa | Catarina Casaca | Célia Góis | Cristina Vicente | Diana R. Castro | Elsa Arrais | Flávia Barros | Francisco Válga | Frankie Boy | Goretti Pereira | João Antunes | João Oliveira | José Luís Jorge | Maria Augusta | Maria João Dias | Maria Jorge Soares | Mariana Costa | Mário Teixeira | Raquel Ferreira Coimbra | Renata Barbosa | Selma Preciosa | Sílvia Bernardino | Sónia Silva | Tânia Silva | Teresa Bret Afonso | Teresa David | Teresa Maria dos Santos | Teresa Marques dos Santos | Vanda Cristina | Vilma Serrano
Palavras: Ana Miguel Socorro | Andreia Azevedo Moreira | Carina Martinho Coelho | Catarina Vale | Clara Ribeiro | Elisabete Neves | Elsa Margarida Rodrigues | Helder Magalhães | Isabel Pires | Joana Gonçalves | Joana M. Lopes | Liliana Silva | Maria João Faísca | Maria João Rocha | Mónia Camacho | Nuno Pinto Bastos | Paulo Kellerman | Renata Barbosa | Sandra Francisco | Sara Viscondessa | Teresa Bret Afonso
Este foi um ano especial, apesar das sombras da pandemia: além da produção fotográfica, o meu livro de contos pela Minimalista materializou-se. Ambos me ajudaram a continuar criativa acima de tudo. Ajudaram-me a respirar.
Um enorme agradecimento a todos os que acompanham este processo; aos que voltam por sentirem que há algo aqui que faz sentido. Aos que passam de forma breve, por curiosidade ou acaso.
“O clique acontece por dentro e o dedo aciona o disparador. Não sei o que fotografei. (nunca sei. iludo-me)”