Amanhã

Sussurra-me ao ouvido que já é amanhã.

whisper in my ear that it is already tomorrow.

Fotografar palavras #3689

E se o tempo for como um corredor?
Estou aqui e olho lá para o fundo. Avanço. Tenho pressa, mas não quero chegar. Hesito. Ou quero chegar, mas não tenho pressa. Hesito. Preocupa-me que o tempo se esgote.
Quando chegar lá ao fundo, terminará a viagem. O tempo.
Porque tudo o que tenho é este corredor. Este tempo.
Mas.
E se quando chegar lá ao fundo, regressar aqui?
Poderia navegar no corredor, daqui para lá e de lá para aqui. Não estaria a ultrapassar os limites do espaço (tempo), mas apenas a gerir o tempo (espaço) que tenho.
E se.

What if time is like a hallway?
I’m here and I’m looking at the end of the hallway. I come forward. I’m in a hurry, but I don’t want to arrive. I hesitate. Or I want to arrive, but I’m in no hurry. I hesitate. I worry that time is running out.
When I reach the end, the journey will be over. Time will be over. Because all I have is this hallway. This time.
But.
What if when I get to the end, I come back here?
I could navigate down the hallway, from here to there and from there to here. I would not be going beyond the limits of space (time), but just managing the time (space) that I have.
What if.

Fotografar palavras

Texto: Paulo Kellerman

Para onde vai o tempo?

Relatos e ficções à volta de contextos de vulnerabilidade

 

“Alice Catarino, Beatriz Passão e Jorge Cardinali abrem-nos janelas para as suas vidas; Manuel Leiria, Nuno Henriques e Jacinto Duro desvelam-nos, com eles, outros recantos dessas casas; Bruno Gaspar, Lisa Teles e Maraia impregnam-nos a imaginação de cor e forma; Elsa Margarida Rodrigues, Mónia Camacho e Paulo Kellerman inundam-nos da luz dos sonhos; Ana Gilbert preenche-nos da matéria que liga as entranhas do espaço e do tempo.
Três cidadãos, três escritores, três ilustradores, três jornalistas e uma investigadora reunidos para dar corpo literário-artístico-jornalístico a uma ideia nascida no Núcleo Distrital de Leiria da EAPN Portugal e acolhida pelo Diário de Leiria, o Jornal de Leiria e o Região de Leiria.

No dia 15 de fevereiro, às 15h, no MiMo – Museu de Imagem e Movimento, em Leiria, vamos partilhar esta obra.”

Quem quiser aparecer, será bem-vindo!

 

Algures

Aquele que me habita, e escreve, vive algures numa espécie de treva.

Palavras | Al Berto (O anjo mudo)