Humanity: the ability to put ourselves in someone else’s shoes. If we choose not to do so, we are not human. We are something else, but not human. Something else. Something.
Searching for meaning in life is like asking a mountain to explain what a kiss is.
“Ter nascido significa isto: não ser puro, não ser si mesmo, ter em si alguma coisa que vem de outro lugar, alguma coisa de estranho que nos leva a nos tornarmos a cada vez estrangeiros a nós mesmos.”
-com bosques dourados, falésias amaciantes, templos, rios, lagos e estradas sem cavalos voadores ou torangeiras, onde palácios vermelhos, jardins suspensos e torres de cúpulas brancas espelhavam as nossas malváceas damascenas –
Nessa praia, estas palavras. De musselina tridente têm-nos presas a nenhum lírio fixo.
Pequenas mordidelas atlântidas de plâncton saciante que não ficaram presas ao anzol de frésia.
Deitadas, agachadas, hirtas como a renda que ainda não madrugou na água Mulheres algodoeiras do mar colhem palavras abracadabrantes
O poema acontece na costura a linha de peixe onde penduram pedras preciosas, quase invisíveis.
E o som é de figo maduro tragado a meia romã Porque é na Pangeia da manhã que se provam as despedidas e os orvalhos.
*****
Them, cotton-harvester women of the sea
Spread across a vast shore
—with golden woods, softening cliffs, temples, rivers, lakes, and roads untraveled by flying horses or grapefruit trees, where crimson palaces, hanging gardens, and white-domed towers mirrored our damascene mallows—
On that shore, these words. Of trident muslin, they keep us bound to no fixed lily.
Small Atlantidean nibbles of satiating plankton never caught on a freesia fishhook.
Reclining, crouched, upright— like lace not yet awakened in water— Cotton-harvester women of the sea gather abracadabra-like words.
The poem takes shape along the fishline-made seam where they hang near-invisible gems.
And the sound is that of ripe fig swallowed with half a pomegranate— For it is in each morning’s Pangaea that farewells and dewdrops are tasted.
Texto | Text: Ana Sofia Elias (com interferência de | with interference by Ana Gilbert)
Fotografia | Photography: Ana Gilbert (com interferência de | with interference by Ana Sofia Elias)
Exposição VARAL FOTOGRÁFICO, com fotografias dos projetos AISHA (com Paulo Kellerman) e LATITUDES (com Cristina Vicente). Na Casa da Lídia, que tem a esplanada mais verde da cidade | Leiria
Neste momento, há pouco o que celebrar no mundo. São tempos sombrios que lançam múltiplos reflexos distorcidos e angustiantes.
Contudo, a vida pequena, cotidiana, continua e é preciso que seja assim. Pequenas joias aindas são lapidadas nas relações humanas. Rastros de luz ainda penetram pelas fissuras e emocionam ao revelarem a beleza que persiste.
Já são oito anos deste espaço do blog. Por aqui passaram várias vidas, vários olhares, (anônimos ou nem tanto), várias de mim.
O meu espanto é sempre enorme ao constatar que ainda há pessoas que param o tempo e se dispõem a olhar, ver e sentir. E isso faz valer a pena.
O meu obrigada e o meu sorriso.
“O que vemos, o que nos olha.”
Georges Didi-Huberman
At this moment, there is little to celebrate in the world. These are dark times, casting multiple distorted and distressing reflections.
And yet, ordinary, everyday life goes on, and it must. Small gems are still being polished in human relationships. Traces of light still slip through the cracks and move us, revealing the beauty that endures.
It has now been eight years since this blog space began. Many lives have passed through here, many gazes (anonymous or not so anonymous), many versions of myself.
I’m always deeply moved to realize that there are still people who pause time and choose to look, to see, to feel. And that makes it all worthwhile.
O André Pereira escreve retratos à máquina. Fotografa com palavras. Ele esteve no Festival A Porta e eu tive a sorte de ser retratada por ele. Um retrato de aguçada sensibilidade. Depois, escrevi seu retrato com luz.