
Joias para vestir o corpo | Cristina Bezerril

Joias para vestir o corpo | Cristina Bezerril

“The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn’t hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother’s watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn’t hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn’t a disaster.
—Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan’t have lied. It’s evident
the art of losing’s not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.”
Words | Elizabeth Bishop

“Devia haver sempre um cofre dentro de nós cheio de purpurinas.
Assim a nossa alma tinha sempre festa e os castelos não eram feitos de sonhos.”
Fotografar palavras
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Rute Violante
Foto| Ana Gilbert


“Desvanecemos, enfastiados, nas suficiências da vida.”
Palavras | Catarina Vale


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“Ah, não retires de mim a tua mão.”
Palavras | Clarice Lispector (A paixão segundo G.H.)

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A chuva cai copiosamente sobre a cidade. Os edifícios perdem seus contornos. Dissolvo-me.

“Um filme do qual não fazia parte do guião. Tudo decorria sem que estivesse ali. Sucessão de movimentos sem sentido. Ruídos transformados em silêncio numa mente vazia pelo tanto que absorveu. O sítio de sempre, tão diferente do que alguma vez tinha sido.
As mãos. O espaço vazio entre os dedos. Há quanto tempo estaria assim, por preencher? Há quanto tempo segura a reminiscência do que partiu? É por onde começamos a sentir que adiamos deixar de o fazer, que prolongamos um mundo porque existem memórias que ainda precisam de viver.
Não deu conta de ir. Caminhos de sorrisos, de incontáveis palavras que mesmo sem voz se faziam ouvir. Não deu conta de voltar. Chegada bem distante da partida, desconhecendo-se a si e onde veio parar…”
….
Fotografar palavras
Projeto | Paulo Kellerman
Texto | Catarina Vale
Foto | Ana Gilbert


Ando em busca dos fragmentos de mim como naqueles quebra-cabeças de infinitas peças.


“Aos domingos as angústias são vorazes.”
Fotografar palavras
Projeto | Paulo Kellerman
Texto e foto | Ana Gilbert