
E quando acabarem as perguntas? | And when the questions are over?
No blog Do pó dos dias infindáveis, por Cristina Vicente.

E quando acabarem as perguntas? | And when the questions are over?
No blog Do pó dos dias infindáveis, por Cristina Vicente.

London, UK (The Globe)

London, UK (Tate Modern)

Oxford, UK (Radcliffe Camera, Bodleian Library)

Rio de Janeiro

VII
Consegues explicar o amor?
Pergunta ela,
Com um sorriso esperançoso.
Fecho os olhos e abano a cabeça,
Porque há respostas que não podem ser verbalizadas.
Apenas os loucos conseguem explicar o amor,
Porque apenas os loucos compreendem a vida.
Apenas os loucos encontram sentido
No que não tem lógica.
Diz ela,
Com um sorriso decepcionado.
Ou talvez nem chegue a ser um sorriso.
————————
Can you explain love?
She asks,
With a hopeful smile.
I close my eyes and shake my head,
Because there are answers that cannot be verbalized.
Only mad people can explain love,
Because only mad people understand life.
Only mad people find meaning
In what has no logic.
She says,
With a disappointed smile.
Or maybe it is not even a smile.
Paulo Kellerman (E quando acabarem as perguntas?)

XX
Quando olho,
Vejo o que sinto.
E tu?
Sentes o que vês
Ou apenas olhas?
Como um espelho que se limita a reflectir a luz que recebe.
Paulo Kellerman (E quando acabarem as perguntas? Edição Sem Editora, 2022)

II
Talvez o amor
Seja feito de tempo.
Tal como de tempo são feitas algumas árvores, Daquelas que vivem duzentos anos
Ou mais.
Será que o amor também morre de pé?
Paulo Kellerman (E quando acabarem as perguntas?)

XIV
Uma árvore
Não saberia o que fazer
Com um espelho.
Paulo Kellerman (E quando acabarem as perguntas? Edição Sem Editora, 2022)