
“É difícil aprender a ser”
Hellington Vieira (rua nove casa vinte e um)

“É difícil aprender a ser”
Hellington Vieira (rua nove casa vinte e um)


Em algum lugar no tempo, há sempre uma dança a acontecer.

Prosthetic wings.


Observa: olhos como dedos, dedos que querem tocar.

a recusa que nos separa.

I fall.
[Morrisey, Dial a cliche]

Até o silêncio teimava em fugir.
Even silence stubbornly tried to flee.
Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografar palavras, a nossa casa poética. Desde 2016. Criação e curadoria: Paulo Kellerman



Roto está
o meu
mun do
e não há agulha
que o remende.
Lúcia Vicente, Do dia que passa e além-mar (2025)
da coleção de poesia da nossa Minimalista
encomendas: minimalista.editora@gmail.com ou por DM

Pestanejamos nimbos e naipes inventraçados.
Simples escovadoras
a perolizar
a capela sistina
das palavras.
Escovamos com pestanas opala-arlequim.
Cardealinas, sangue-de-Adão.
Assim nascem(os) sonhos e perolices.
Poema | Ana Sofia Elias

Como se estivéssemos sentadas
Nas escadas da casa do bairro
A cumprimentar as aldeãs aprilinas
Nácares perolizantes
cabelo de copas e espadas
Preso com um gancho
a lembrar os países que ainda não conheço.
Estadualizei o carpo negro na cruz opalina que levavam ao peito
Só a minha linchagem
era de cor anilada
Enrugamento no céu da boca
E pestanejámos palavras nimbadas enquanto os castores e as rosas-de-toucar azulinavam os valetes e as damas e toscanejavam num murmúrio verdeal.
[o belo poema de Ana Sofia Elias]

Costumas lembrar dos sonhos?

a alma no mundo




Monday is the day I learned not to make deals with the system.
Anne Carson (Wrong Norma, 2024)
Copiosamente, a mão esquerda que alisa os lugares acantonados.
Copiosamente, reparo.
A sensualidade tem cheiro de filme:
mãos garrafais
queixo nas mãos.
Espelho.
Madeira sólida.
Arrisco histórias.
Cabelos
que chamam dedos que os acariciem.
Um pescoço que pede uma boca
E agora?
Indefinível.
Leve desleixo.
Também a sensualidade
Furou as nuvens.
_____
BLACK OUT POETRY do meu conto Histórias possíveis (A respiração do tempo, Minimalista, 2022), pela bonita Ana Sofia Elias.

Com Paulo Kellerman