Demolição

Juramento
Hei-de aprender a fazer jardins
dentro dos meus olhos.

Cumprido
Colho as tuas flores de sol
dentro dos meus olhos.

Poemas de Joana M. Lopes, do livro Demolição (Ideia-Fixa, 2023)

Porque a dor, a morte, a ruína, o desespero, a falta também são feitos de beleza.

Melancholy

Melancholy

Voices and memories
linger among leaves
swaying in evening’s breeze

Yet fade as dusk descends
leaving silence in its wake
and a sense of loss

Nothing remains
as it once was
but what follows is fear.

A beautiful poem by Frederick Fullerton

Aqui

Teus olhos em
meu peito pousaram,
um dia.

Não fosse a distância
teu hálito novamente
recenderia,
aqui.

Luiz Ruffato

Saudades

Agora que já aqui
não estás, agora
que nunca
estiveste,
a saudade nova
entrelaça os dedos
nos dedos
da saudade antiga.
Juntos sob o lençol
de silêncio
imaculado e morno,
tecem o fino,
frágil manto
da memória.

Ana Marques (Poémica, 2016)

natureza despedaçada

if nature dries up, the aridity is ours
if the forest burns, we burn
if flight ceases, we plummet
we die
slowly
of shame
of boredom
of exhaustion
petrified
in agony
sleepless
motionless
shattered
by horror
convinced
that it’s not us

se a natureza seca, a aridez é nossa
se a floresta queima, queimamos nós
se o voo cessa, despencamos nós
morremos
lentamente
de vergonha
de tédio
de cansaço
petrificados
em agonia
insones
inertes
despedaçados
pelo horror
convencidos
de que não somos nós

Nenhum poema

“Nenhum poema é tão doloroso
que não possa ser dito.
Nenhum poema é tão doloroso
que não possa ser escrito.”

Gisela Casimiro (Giz, 2023)